
Não sei se justifica, mas a ficção nos “curta-metragens” e o vídeo independente viveu um momento de explosão nos anos 80, ou ainda está vivendo. Ainda desconheço algum vídeo-ficção que alcançasse algum diferencial que pudesse separar definitivamente o vídeo-ficção do cinema-ficção.
O filme “Cama de gato” de Alexandre Stockler pode ajudar o entendimento dessa interferência do vídeo na sétima arte. O longa retrata a vida de adolescentes que acabam cometendo vários crimes dentro de um roteiro quase que absurdo. Nesse filme, gravado em câmera digital, e posteriormente transferido para película, tem como base a câmera na mão que procura a cena, assim como num vídeo caseiro. No final, há uma seqüência de entrevistas com adolescentes de classe média que acaba por dar todo o aspecto de realidade “bruta” que o filme quer passar o tempo todo. Mas isso só acontece com a intervenção do vídeo. Talvez, a grande metamorfose do vídeo-ficção só possa acontecer quando é confrontada com a ficção cinematográfica.
Nos anos 90, com a explosão do movimento do “Dogma” dinamarquês, os filmes como: Ondas do Destino e Os idiotas, de Lars von Trier ou Festa de Família, de Thomas Vinterberg utiliza técnicas do documentário. A câmera registra uma ficção cinematográfica que provoca o espectador por procurar muitas vezes a imagem como um cinegrafista amador. A forma documentária da câmera de vídeo assumida em alguns desses filmes busca uma renovação dos recursos ficcionais tradicionais do cinema e utiliza a “estética” do vídeo.
O curioso é que os filmes do “Dogma”, com suas imagens escuras, instáveis e muitas vezes “sujas” acabam por estar sendo aceitas e entendidas como o olho “amador”, não-adestrado, não-profissional. Mesmo assim são chamados de filmes.
Essa relação filme e vídeo na mesma produção, pode estar relacionado ao aumento gradual da produção audiovisual industrial com as imagens feitas em casa, registrando um aniversário familiar, ou um simples almoço em família. Afinal, quem está invadindo o espaço de quem nessa história? O vídeo que entra no espaço do cinema ou o cinema que invade o espaço do vídeo?
4 comentários:
Sonho e realidade
O espaço, sem a consideração do tempo, torna-se complexo para uma discussão. Então, seguindo a linha da rede eletrônica, nos comentários de blogs, leio e escrevo no ímpeto de relacionar a minha opinião, vai lá:
O cinema trabalha a imagem como um “suporte” de sua narrativa, busca na emoção a relação com seus espectadores, levando-os a viagens fantásticas e curiosas. O vídeo faz uso da realidade para construir uma linha condutora em sua narração. Visto isso, assim eu coloco no momento, duas linhas condicionam seus fazedores de imagens, criadores que muitas vezes nem pensam em relacionar uma coisa com a outra coisa. O cinema ao narrar uma fantasia, próxima à realidade, precisa das facilidades do signo presente no vídeo enquanto, a realização de um vídeo que pretende fugir de uma realidade, busca uma fotografia, em seu sentido de ritmo, para aproximar a realidade aos maravilhosos sonhos contidos em nossa mente. A resposta, nunca será literal, falamos sempre de imagens e aí, ambas as linguagens permitem a imagética dos roteiros que, através das retinas, gravam cenas na memória dos espectadores, e assim, trabalhamos o espaço/tempo.
(TiroTTi-fazedor de vídeo)
sonho e apenas sonho...
A imagem será sempre imagem. Por mais que ela te toque, por mais que ela se relacione com seus sentimentos mais intimos, o tempo e o espaço só farão enfase ao ilusionismo da imagem. Seja esta de um documentário, ficção ou qualquer outra alopração que se estabeleça. A intenção de um fazedor de audiovisual (dentro do meu restrito conhecimento) é o de tocar o público de alguma forma; raiva, choro, alegria, ódio, riso, folisofia, revolução, crítica social e etc...
Se a imagem é em pixels, entrelaçada, drop-frame, non drop-frame, 24fps, 30fps, 300fps, HDV, HDTV, fullHD, VHS, UHF, ntsc, pal-m, e finalmente a famigerada película, vai depender de como seu dinheiro ou capacidade de empreendimento poderá se comportar. Ou ainda, os mais ousados discutem se tal cena poderia ser em VHS ou tal cena poderia ser em película, ou tal cena poderia ser em cinemascope. Ao final pode até sobrar um pouco de tempo, ou espaço para se discutir a obra audiovisual em si.
Fábio Porto (fazedor de filmezinho)
usa-se mto vídeo hj para demonstrar "realidade" pq estamos acostumados a ter o vídeo como uma ferramenta muito próxima do nosso dia-a-dia. hj no celular, uma hand-cam, das festas de casamento, aniversario ou pescaria.
akele formado da tela + a resolução + brilho + camera na mão é algo q está registrado como parte d nossas vidas comuns.
dai o cinema percebeu esta forma q nos relacionamos e entedemos o video e hj o usa como um recurso.
mas essa percepção nunca foi absoluta dsd o começo do vídeo,foi algo q aconteceu gradualmente.
acho q se fizesse um vídeo nos anos 60 e o inserissem numa ficção de cinema as pessoas não entenderiam akele formato como "mais realista" pq não tinham vivencia d vídeo ainda.
talvez, nos anos 60, usassem o recurso de 8mm para representar algo "mais realista" pq nakela época (ou antes dela ou antes do video) era o formato 8mm q estava mais próximo da vida das pessoas.
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