Dois anos de Vídeo Livre Joinville

Continuo a me perguntar o motivo de fazer um vídeo, seja experimental, ficcional ou documental. Qual seria o motivo de desenvolver um blog falando somente disso? O que começou com uma simples idéia de criar um blog para divulgar e promover as produções da região, agora já está completando seu segundo ano. Nesse segundo aniversário, o blog “videolivrejoinville” agradece a participação, comentários e críticas que esse diário recebeu durante esses dois anos.
O presente poderia ser mais uma matéria sobre as novidades do audiovisual aqui da terrinha, mas a única coisa que podemos afirmar é que continuaremos trabalhando para promover as pequenas produções locais, divulgando tudo que acontece no meio áudio-visual da região. Agradecemos a participação de todos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sobre cineastas e videastas - Parte 1 – por Fabrício Porto

Muitas vezes, quando ouvia alguém dizer que “Fulano de tal” estava fazendo um filme ou que “Beltrano” era um ótimo cineasta, sem nunca ter tocado numa câmera de 35 milímetros eu me sentia provocado. Talvez por estar fazendo parte de uma transformação de mídias e linguagens audiovisuais completamente contemporâneas que tornaram possíveis pequenas produções saírem do papel. Dessa forma, o fator “cineasta” foi popularizado pelo próprio fator “videasta” ou popularmente chamado de “videomaker”.
Todos nós somos um pouco “cineastas” ou “videomakers”, não somente pela facilidade em parar numa lojinha de produtos de procedência duvidosa e comprar uma câmera “handycam” ou simplesmente ligar e pedir uma tekpixs e sair por ai apertando o “play”. Essa interferência de espaços entre cinema e vídeo acontece há algum tempo. Filmes como “A bruxa de Blair”, são exemplos de filmes, mesmo sendo gravados com uma câmera de vídeo. Já aqueles que fazem vídeo, sabem que estão fazendo vídeo, mas tem uma referência muito grande baseada no cinema e tentam passar isso para a coitada da “handycam” que não tem culpa nenhuma disso.
Hoje, essa mistura de vídeo e cinema é dominante, assim como sua dupla potencialização. O vídeo aparecendo como potencializador do cinema e vice-versa.
Podemos destacar cineastas que mesmo fazendo cinema já trabalhavam com os princípios da não-linearidade, da colagem, do “direto”, características da video-arte e da linguagem do vídeo que são usados nos filmes. Jean-Luc Godard com os procedimentos do cinema direto já traziam algumas dessas questões.
Há sim uma transferência da estética e de linguagem, levando para o cinema as experimentações consolidadas no vídeo e vice-versa.
O documentário foi uma vertente transformada e renovada pelo vídeo, ainda herança do cinema novo no mundo todo. A captação simultânea do registro do momento e sua enunciação, que vai caracterizar e definir a própria linguagem da televisão e do vídeo. O cinema já tinha descoberto a fluidez do real e do instantâneo, explorando a duração por meio do plano-sequência, mas nada comparada ao gesto da câmera de vídeo e do olho livre que explora o espaço. Coisas que não se podia pensar em fazer com uma câmera obesa como a de 35 mm foi possível com o vídeo, também, pela sua praticidade e pelo menor preço. Assim o vídeo passou a ser considerado como rascunho e “bloco de anotações” por alguns teóricos.
A câmera de vídeo, trouxe a presença do “ao vivo” sem interrupção ao fazer coincidir o real e sua encenação. Assim a câmera se tornaria uma personagem, real e com vontade imediata. Só com o vídeo foi possível que a câmera passasse de mão em mão por um documentário, exemplo disso é o documentário “O prisioneiro da grade de ferro” de Paulo Sacramento que retrata a vida atrás das grades. Nesse documentário a câmera fica literalmente atrás das grades nas mãos dos presos, coisa que era impossível com uma câmera de cinema.
Antes mesmo de pensarmos nas “Handycams”, as câmeras de cinema portáteis em 16mm e as o super-8 já prometiam renovar ao fazer florescer o cinema de intervenção, o documentário, o cinema militante, de “câmera na mão” e o corpo-a-corpo com o real. Por tanto, hoje essa interação de cinema e vídeo não me provoca no sentido de tentar definir ou distinguir cinema e vídeo, mas sim entender os dois e misturá-los sem qualquer comprometimento teórico. (continua...)

3 comentários:

Wesley disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Wesley disse...

é engraçado pensar q a gente usa camera digital tekpix como se fosse cinema d pelicula 35mm. pensamos na forma de audiovisual independente d qual midia.

há uma selva de letrinhas e abreviaturas americanas, conceitos e capacidades q diferenciam mto uma coisa da outra.
qdo fiz curso de cinema em floripa a gente usava uma Sony d 3ccd e achava q já tava fazendo cinema!
ms era tão legal!
trabalhar com audiovisual é o maximo, e não importa qual a midia, eu sempre fico d cara qdo vejo um trabalho pronto, editado e finalizado, sempre fica melhor do q eu tinha visualizado na cabeça.


e agora tão aparecendo umas cameras digitais mto foda. tipo 2K, 4K nem entendo isso direito ms será q o cinema com película 35mm um dia vai ser coisa do passado? tudo indica q sim!

qdo falaram q os video games de cartucho iam acabar e q o futuro seria o cd eu tb não acreditei, ms olhe hj!

a película nunca vai morrer, sempre vai ter alguem q vai kerer usar ela, provavelmente ela ficará restrita a um cinema d arte, para um publico menor.
mas esses filmes com publico menor tb dão pouquissimo ou nenhum retorno financeiro e a película sendo algo tão caro, provavelmente no futuro será ainda mais caro com a menor demanda.
uma das caracteristicas do digital é o seu baixo custo, então os cineastas independentes usaram apenas o digital, pois a pelicula será mto cara. sendo assim, akela idéia d q a película será usado para fazer cinema artítico não precede.
pra onde irá a película?

fala malandro disse...

aí pessoal,
compartilho das mesmas indagações

http://www.youtube.com/watch?v=J4e9RyBrC80

abraço