Dois anos de Vídeo Livre Joinville

Continuo a me perguntar o motivo de fazer um vídeo, seja experimental, ficcional ou documental. Qual seria o motivo de desenvolver um blog falando somente disso? O que começou com uma simples idéia de criar um blog para divulgar e promover as produções da região, agora já está completando seu segundo ano. Nesse segundo aniversário, o blog “videolivrejoinville” agradece a participação, comentários e críticas que esse diário recebeu durante esses dois anos.
O presente poderia ser mais uma matéria sobre as novidades do audiovisual aqui da terrinha, mas a única coisa que podemos afirmar é que continuaremos trabalhando para promover as pequenas produções locais, divulgando tudo que acontece no meio áudio-visual da região. Agradecemos a participação de todos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Entre um documentário “dramático” e a dramaticidade de uma “ficção” – por Fabrício Porto


A ficção conta uma história inacreditável enquanto o documentário conta uma verdade inacreditável.
Como bem lembrou o amigo blogueiro Edson Burg, do jornal A Notícia, se fosse nos EUA, “provavelmente a estréia de "Última Parada: 174" seria adiada”, devido ao fator Lindemberg e Eloá, tão recentes nas páginas dos jornais. No entanto, isso não aconteceu e o filme estreou até mesmo aqui na terrinha.
Após assistir o documentário "Ônibus 174" (2002), de José Padilha, que em seguida dirigiu "Tropa de Elite" (2007), o filme "Última Parada 174" de Bruno Barreto me pareceu ir além do meramente ficcional. Muitos podem encarar isso como uma crítica ruim, afinal trata-se de uma história que todos pensam que conhecem. Um garoto pobre que não tem nada a perder encara o mundo com um 38’ na mão dentro de um coletivo. Talvez, isso levasse o público ao cinema para ver a história de Sandro, mesmo de forma ficcional.
O trailer do filme de ficção já diz que o filme conta a história que a suposta mídia não contou. E assim, o transforma num protagonista da “vida real” dentro de um filme de ficção. Normalmente se diz que fazer um filme partindo de um livro é complicado, no caso de Barreto, teve que partir de um documentário muito bem desenhado por Padilha e de cenas que não saem da cabeça do público. Por se tratar de uma história baseada em fatos reais, não podemos crucificá-la, afinal o próprio nome diz: “baseado em fatos reais”. No entanto, esse caso foi diferente, afinal os “fatos reais” foram exibidos para o mundo todo. Inspirado pelo documentário de Padilha, Barreto tenta preencher de forma “bem ficcional” a vida de Sandro (Michel Gomes) e se propõe a explicar, os motivos que o fizeram tomar aquela atitude. Já o documentário parte de depoimentos de pessoas que fizeram parte daquele episódio.
A ficção de Barreto é um retrato dramatizado e pensado cinematograficamente, logicamente com a ajuda dos truques que só a sétima arte pode proporcionar. A trama é um prato cheio para qualquer roteirista. Dois jovens que têm nomes parecidos: Sandro e Alessandro, com mães diferentes. Uma das mães perdeu seu filho quando bebê e tenta desesperadamente encontrá-lo. Ela acha que Sandro é seu verdadeiro filho. Essa é a mãe de Alessandro. Enquanto isso, Sandro sabe que não é filho dela, e que sua mãe verdadeira morreu. Sandro guarda esse segredo consigo durante todo filme. Ótima trama, bons personagens, só falta um bom roteirista para dar uma carga um pouco mais dramática e deixar o filme com cara de ficção. O longa fica com tanta carga ficcional que nos primeiros minutos a tentativa de lembrar como era Sandro, e tentar compará-lo ao garoto protagonista da história que vimos na TV é difícil. Essa tentativa de comparação entre o “Sandro da TV” com o “Sandro da Candelária” vai se esvaindo ao decorrer da projeção e você acaba ficando apenas com o “Sandro da Candelária”. Seria inevitável ações e falas do roteiro que fizessem com que o público soltasse suaves risadas durante a projeção. Por alguns momentos a história contada nada lembrava o “personagem” Sandro do dia 12 de junho de 2000.
Poderia escolher várias cenas próprias para descrever as artimanhas de um bom roteirista, mas vou escolher a licença poética dos três copos se quebrando ao longo do filme. O primeiro; no início, quando a mãe de Sandro morre; o segundo na casa de sua suposta mãe e o terceiro num bar um pouco antes dele entrar no ônibus. São copos "reais" ou copos "cinematográficos"? Talvez quem pudesse responder isso fosse o próprio Sandro. A cena final, por exemplo, dentro do ônibus, teve curta duração, aproximadamente 15 minutos. Talvez isso possa ter sido uma saída para Barreto que sabia que muitos iriam cobrar ações e situações mais do que verídicas daquela cena. E de fato faltou semelhança entre os personagens, figurinos e até mesmo a falta de alguns reféns. Afinal, aquelas cenas são as únicas imagens que todos que estavam na sala de cinema ainda têm frescas na cabeça. Somente nessa cena final que a figura de “Sandro da Candelária” dá lugar ao “Sandro da TV”, deixando transparecer um diálogo dele com seus reféns e com a polícia. As cenas externas do ônibus foram gravadas por câmeras de TV e isso talvez tenha sido um ponto positivo para Barreto, ganhando em dramaticidade, afinal o filme não era mais dele e nem aquele que todos estavam vendo, e sim de todos que recordavam ter visto no dia 12 de junho de 2000.
Numa declaração para a "Folha de São Paulo" no dia 25 de setembro desse ano, Barreto diz adora "Cidade de Deus". "Acho um marco no cinema mundial. Agora, é um grande afresco, não se propõe a dissecar os sentimentos. É um épico. Meu filme é exatamente o oposto. É um épico do coração, intimista", afirma o diretor.
O filme contou com um orçamento de R$ 8 milhões, "Última Parada 174" é o primeiro filme em que Barreto atuou também como produtor. “Última Parada: 174" ainda está em cartaz em Joinville no GNC Mueller 3. As sessões acontecem às 17h30 e 21h45.

5 comentários:

Wesley disse...

não acho q o barreto tenha sido o cara certo para dirigir esse filme, ele é muito estrangeiro, o filme soa falso muitas vezes, e tem problemas no roteiro como vc disse.
pq ele fez akilo com o clímax?
pq amenizar e reduzir a situação?
o q era akela personagem q ficava levando tudo numa boa dentro do onibus? diminuindo a relevancia da situação q era gravíssima!não funcionou msm! me senti frustrado ao sair do cinema sem ter me emocionado nem sentido medo, eu keria ver tensão,... mas não vi. com certeza ele teve boas razões para fazer o q fez, afinal ele é um profissional consciente, ms pra mim não foi. o documentário está anos luz na frente do longa de ficção

Wesley disse...

minto, senti medo sim.
medo d ir pro Rio no verão!
hahaaha
q triste!
mas eu vou, estudo gastronomia, kero aproveitar o verão pra trampar lá!

Fabrício Porto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabrício Porto disse...

Pois é Wesley... Confesso que esperava que o filme pudesse me surpreender, mas não foi assim. Algumas cenas de fato, eu gostei, como por exemplo, a seqüência que Sandro está sendo entrevistado pela assistente social e diz a ela que não quer apreender a escrever seus rap’s para poder fazer outros, mas ainda é pouco pro Barreto concorrer à um Oscar...

Valeu a postagem
Fabrício Porto

Wesley disse...

oscar?!
putz...
com certeza não rola, não com esse roteiro todo furado.
Se "ensaio sobre a cegueira" tivesse sido produzido em portugues, com certeza ganharia!
ou não!